sábado, 5 de janeiro de 2008

Vi na TV

Vi, sim. Vi um banco fazendo uma homenagem aos 100 anos da imigração japonesa. Bacana, né? Deixo aqui meus parabéns a quem julgar merecê-los; sem ironias. Afinal, a imigração japonesa é importante para a formação da identidade nacional. São as pessoas que dão a cara de um país, certo? Aliás, li que não sou só eu quem acha importante, felizmente :)

Aqui em SP temos muitos descendentes, não só na Liberdade; em Mogi das Cruzes (onde nasci) a colônia - como o pessoal costuma chamar - é enorme e tem tudo a ver com a economia local.

Voltando à identidade nacional, a propaganda me levou à reflexão. Seria justo prestar homenagens aos diversos componentes étnicos da terra brasilis? Justíssimo, eu acho. Mas está bastante longe de ser concreto. Para restringir em televisão, não me lembro de ter visto homenagens desse tipo no dia da consciência negra, por exemplo. Adoraria ver uma propaganda falando bem do Candomblé ou da Umbanda. Mas, por que homenagear os descendentes dos japoneses e não os descendentes dos nagô, por exemplo?

Minha teoria é resumidamente simples. Admira-se a cultura japonesa, ponto final. As culturas negras? Bem, essas não se sabe sequer quais são, exceto pelas aparições para falar de carnaval, como presenciamos nessa época do ano. Ok, exemplifiquei pontualmente e generalizei. Revolta, talvez. Se eu me identificasse com o que eu vejo na telinha, talvez isso melhorasse.

2 comentários:

  1. Eu acho que a comemoração da imigração tem haver com a idéia de imigração livre. Tipo, a dos japoneses foi relativamente livre, assim como foi a dos italianos e alemães. A imigração judaica, por exemplo, não é comemorada e eu penso que umas das razões é porque houve fuga e não foi, exatamente, livre. Assim foi a dos negros, também. Os negros não imigraram porque queriam uma vida melhor ou condições de trabalho. De certa maneira, como já ouvi de outra pessoa, os negros não deviam estar no Brasil: não porque o Brasil não os queira, mas porque vieram sem vontade própria e foram escravizados.

    Nada disso explica, contudo, a não comemoração da mídia pelo dia da consciência negra, que é data do calendário nacional.

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  2. Finalmente alguém tocou em um ponto fundamental e com propriedade. Quero dizer: por que não homenagear outras culturas e etnias que vieram para o Brasil. Isso independe do modo como se veio, mas sim da contribuição em si. Morei 2 anos no Japão. Adoooro aquele país, adoooro os japoneses que me ajuram muito na minha adaptação. Tenho um carinho enorme por essa gente. Mas, como negro, não consigo entender por que, se meu grupo étnico corresponde a 47% da população nacional, meus antepassados não mereçam uma homenagem parecida.
    Na verdade eu me cansei da forma exagerada com a qual a mídia explorou o acontecimento do centenário. Me parece um tanto desproporcional aos outros grupos.
    E antes que alguém diga que não somos mais homenageados por que nossa tradição é muito mais oralizada do que escrita...qual grande escritor japonês foi citado nos últimos meses?
    Ok, comer peixe crú é bem "in" e mesmo uma pessoa não gostando muito (eu acho um tanto indigesto) come-se para se sentir chic, incluso em alguma coisa, pertinente a algo.
    Eu aposto que existem muito mais pessoas comendo feijoada (um prato atribuído aos africanos).
    então, vamos fazer uma homenagem à feijoada pelo menos.

    O que eu concluí é que não existe uma cultura que seja superior a outra. e sim a importância que damos a ela. e no momento, o exagero e a importância dada a cultura oriental, parece eclipsar quase que por completo as outras.

    uma pena...e completa falta de visão global da coisa.

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