sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Intercâmbio?

Hoje tive uma conversa muito interessante sobre o andamento e o futuro dos acordos de intercâmbio na Poli. Para quem não sabe, a Escola tem acordos de intercâmbio e duplo diploma com algumas Escolas de Engenharia na Europa.

As Universidades européias têm unificado as estruturas de seus cursos superiores; assim, um estudante alemão não teria dificuldades em fazer intercâmbio numa Faculdade francesa, pois os cursos são bastante parecidos. Além disso, há a tendência de se incluir uma espécie de mestrado dentro da graduação; o trabalho de conclusão de curso seria equivalente a uma dissertação. Só não tenho certeza se isso vale para outros cursos superiores.

Aqui começam os problemas. No caso do duplo diploma, os estudantes recebem diploma das duas instituições (obvio!). O acordo com os institutos italianos prevê a ida dos estudantes no 4° ano. Eles ficam 2 anos lá, voltam, fazem mais 6 meses no Brasil e estão formados. Agora perceba: depois de 2 anos na Itália, o estudante está habilitado a fazer um doutorado lá! A possibilidade de ele fazer o doutorado no exterior é razoavelmente grande, principalmente se considerarmos o fato de a Poli não aceitar o que as Escolas européias fazem como equivalente ao nosso mestrado.

A problemática se resume em "evasão de cérebros", já ouviu falar? Pensando como o estudante, é bastante tentador fazer pós-graduação no exterior; ficando no Brasil seria preciso mais uns 2 anos para fazer a mesma coisa. Isso sem falar no aspecto financeiro e das diferenças das condições de vida na Europa. Pensando como alguém que vê esse estudante como um "motor" para alavancar o desenvolvimento do país, fica o protesto e nada menos! Afinal, o sujeito se formou financiado pelo dinheiro público nacional e vai atender as demandas de um outro país!

Claro, a Poli não pode evitar que ninguém deixe o país. Aliás, ela nada tem a ver com a vontade de cada um dos seus estudantes; todos devem ser livres para fazer o que quiserem. Entretanto, como instituição pública, não pode aceitar a exportação de cérebros absolutamente explícita. Como diriam as crianças, "intercâmbio é quando tem troca, né?"

Um comentário:

  1. Eu, uma vez, pensava que seria muito bom se as universidades brasileiras conseguissem fazer acordo de equiparação de currículo com as universidades européias e estadunidenses. Isso daria mais vontade de o estudante voltar, sem precisar barganhar um ano (ou mais...) de validação de diploma, por exemplo. Quando o currículo de lá é mais vantajoso do que aqui, o estudante acaba ficando lá -- apesar da lei quase-que-natural de um brasileiro em querer voltar. E fica porque sabe que além da estrutura, não vai passar um bom tempo tendo de procurar outros empregos até que seu diploma valha alguma coisa e ele possa usá-lo da melhor maneira.

    Concordemos que o país também não colabora para o estudante querer ficar... Mas se é intercâmbio, concordo contigo, precisa haver troca. Até porque -- acredita! -- cursos como o teu colocam os de Portugal, Espanha, República Tcheca, etc. no chinelo. Quer dizer, nem sempre dizer que é europeu é melhor...

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