terça-feira, 6 de março de 2012

Da (ir)responsabilidade social

Li um texto muito interessante no Blog do Sakamoto, sobre responsabilidade social:

Em ano de Rio+20, o verde lava mais branco

Eu sempre julguei ter um certo preconceito com esse lance de responsabilidade social, mas lendo o argumento dele, meio que reforço meu pensamento.

Parte do cotidiano de trabalho moderno é mostrar resultados, parte é fazer os resultados disponíveis parecerem extraordinários. Eu tenho a impressão de que isto é mais acentuado no mundo "corporativo", onde as empresas dependem muito da imagem de seus próprios resultados. No caso da responsabilidade social, toda grande empresa vai querer afirmar que pratica a tal da responsabilidade.

O Sakamoto apontou uma diferença nos tipos de ações normalmente chamadas de responsabilidade social. Uma coisa é o investimento social privado, outra coisa é ser socialmente responsável. Investir em creche, ou ajudar instituições de caridade, é investimento social privado. Investir na formação de pessoas, ou capacitar comunidades carentes para ter autonomia financeira, é investimento social privado. Não há dúvidas de que ações como estas fazem bem para a imagem de uma empresa.

E quanto a analisar/prever/minimizar os impactos causados pela própria organização? Isso sim é ser responsável. Isso sim mostra o quanto uma organização se preocupa com a sociedade na qual está. Um exemplo desta preocupação seria garantir que os processos produtivos não geram efeitos colaterais nocivos, como trabalho "escravo", desastres ambientais, corrupção ativa ou grilagem.

Pode parecer meio absurdo um comentário assim, mas vira e mexe a gente fica sabendo de roupa fabricada em condições degradantes sendo vendida normalmente. Por isso, concordo com o Sakamoto: responsabilidade social é muito mais que investir em projetos sociais.

2 comentários:

  1. Concordo com você. A responsabilidade social empresarial deve realmente se preocupar em buscar práticas menos agressivas socialmente e ambientalmente do seu "business core". Ou seja, como fazer aquilo para que a empresa foi criada, mas de uma forma mais consciente, sem uso de mão-de-obra escrava, menor deposição no ambiente de lixo no meio ambiente, etc...

    Acho importante as empresas apoiarem causas sociais, mas isso não promove uma reflexão maior: o que posso mudar no meu dia-a-dia para se alcançar a sustentabilidade completa (social, econômica e ambiental)? A grande maioria das empresas e das pessoas que lá trabalham estão muito mais preocupadas com a sustentabilidade econômica apenas...

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  2. Pois é, Nathy. A preocupação de ser sustentável no negócio como um todo fica perdida no meio do compromisso do resultado financeiro (que é totalmente válido dentro do sistema capitalista). Num futuro incerto, essa preocupação com a responsabilidade social de fato poderia ser até um diferencial competitivo ao invés de ser um "problema".

    Apoiar causas/instituições é super legal, só não adianta muita coisa se você prejudica a sociedade na maior parte do tempo.

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