sábado, 29 de março de 2008

Andando em Sampa

Essa semana, o governo municipal interferiu na circulação de pessoas. O prefeito Kassab anunciou mudanças mais gerais (como proibição para estacionar em certas ruas, intervenção em corredores de ônibus e outras) e uma mudança mais específica que passa quase despercebida. Essa última tem a ver com o Bilhete Único [1]. Antes, um bilhete podia ser validado, ou seja, se não houvesse crédito equivalente a uma tarifa, o pagamento em dinheiro permitia o uso do cartão em outras 3 viagens. A partir de hoje, a validação não poderá ser mais feita. Claro que isso não foi amplamente divulgado, pois em ano de eleição municipal, qualquer medida anti-popular não pega bem... sabe como é, né?

A alegação é que existem muitas pessoas fraudando o sistema, o que já teria causado um rombo considerável nas contas. O procedimento da fraude é o seguinte: alguém com o bilhete validado "vende" a passagem por um preço menor, o comprador passa com o bilhete e o devolve pela janela. Simples, né? Eu ando bastante de ônibus pela cidade e vi isso acontecer poucas vezes, por isso, duvido da veracidade do levantamento da Prefeitura. Ok, não vi o levantamento para questionar, mas esse não é realmente o ponto.

Vamos admitir que esteja tudo bem fundamentado: como essa proibição resolve isso? O que o "meliante" vai fazer a partir de hoje é andar com o bilhete carregado, e vai voltar tudo ao estado inicial. Claro, o sujeito corre o risco de ser passado para trás, se o passageiro não devolver o bilhete. Mas vale a pena tirar o benefício anterior por isso?

¬¬

[1] - O Bilhete Único é um cartão eletrônico que permite ao usuário pegar até 4 ônibus em 2 horas pagando uma tarifa (R$2,30). Pagando um valor adicional (R$1,35), é possível substituir uma passagem de ônibus por uma passagem de metrô.

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